Tuesday, March 07, 2006

A cidade Invisível

As ruas são intermináveis, as luzes cegam-nos com uma intensidade louca. As horas correm desenfreadas e ultrapassam-nos deixando-nos atordoados e tontos à medida que caminhamos por jardins a avenidas rumo a um destino incerto e desconhecido.
Esta cidade é um ser vivo, com vontades, necessidades e caprichos. Parece invisível como o camaleão e muda de forma segundo a situação. Ora se mostra bela e enfeitada com luzes brilhantes como se esconde, envergonhada, em bairros tristes e escuros.
Estou perdido, não sei onde estou, para onde vou nem para onde quero ir. Nem sei porque estou aqui. As pessoas parecem andar em modo automático como se fossem o sangue deste ser a fluir pelas artérias e veias que se cruzam com gigantescos órgãos de onde voltam gastas e sujas já sem ânimo para contrariar este animal.
Vou parar! Quero sair! Quero gritar! Quero pensar por mim. Quero soltar as amarras desta consciência colectiva que me pressiona e faz desesperar.
É difícil ter força, ter vontade, querer fazer melhor. Tenho medo. Não da cidade, mas de mim, de não ser capaz, de não querer, de me encostar à vida simples e fácil de quem não tem vontade.
- Como foi o teu dia? Normal?
- Sim, tal como todos os outros. Estou farto, quero mais!
- Queres mais o quê?
- ...
- ...
- Nem sei...

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